146 anos de Americana

Imigrantes americanos e italianos se estabelecem na futura Americana

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Operários italianos e suas famílias em frente à fábrica de tecidos Carioba | Foto: acervo da família Müller
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A imigração norte-americana para o Brasil, iniciada após o término da Guerra Civil Americana foi amplamente incentivada pelo governo imperial brasileiro. Este via na vinda e fixação dos norte-americanos – pessoas com conhecimentos agrícolas, profissionais liberais, boa formação moral e intelectual e sobretudo famílias desejosas de se estabelecerem na zona rural – uma oportunidade de impulsionar o desenvolvimento no interior do país.

Foram estabelecidos vários núcleos, mas o que realmente se desenvolveu foi o de Santa Bárbara D’Oeste, no interior de São Paulo. Construído a partir de 1.866 com a chegada do primeiro Coronel Willian Hutchiinson Norris, ex-combatente da guerra Civil e ex-senador do estado do Alabama, o núcleo de Santa Bárbara D’Oeste teve rápido desenvolvimento. Logo ao chegar, o Coronel Norris, passou a ministrar cursos práticos de agricultura aos fazendeiros da região, interessados no cultivo do algodão e nas novas técnicas agrícolas.


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O núcleo de Santa Bárbara D’Oeste, pelo seu progresso passou a atrair famílias que tinham se instalado em outras regiões. Inúmeras propriedades agrícolas foram fundadas pelos norte-americanos que cultivavam e beneficiavam o algodão. Estabeleceram um intenso comércio, notadamente a partir de 1.875 com a instalação da Estação de Santa Barbara pela Companhia Paulista de Estrada de Ferro.

Devido a presença constante desses imigrantes, o povoado que foi sendo formado nas imediações da Estação, passou a ser conhecido como Villa dos Americanos, Villa Americana, e deu origem a atual cidade de Americana.

Data dessa época também a instalação, por um engenheiro norte-americano associado a brasileiros, da primeira fábrica de tecidos de algodão – a Fábrica de Tecidos Carioba- distante 3 km da estação ferroviária. Esta indústria teve realmente papel para a fundação e desenvolvimento de Americana.

A educação das crianças era uma das prioridades para as famílias americanas que constituíam escolas nas propriedades e contratavam professores vindos dos EUA. Os métodos de ensino desenvolvido pelos professores americanos se revelaram tão eficientes que foram posteriormente adotados pelo ensino oficial brasileiro.

Os cultos religiosos eram celebrados nas propriedades por pastores que se deslocavam entre várias propriedades e os vários núcleos de imigração americana. Em 1895 foi fundada a primeira Igreja Presbiteriana no povoado da Estação.

Devido a proibição de se enterrarem pessoas de outros credos nos cemitérios das cidades administradas pela Igreja Católica, os imigrantes americanos começaram a enterrar seus mortos próximo a um sede de fazenda. Este cemitério passou a ser conhecido como Cemitério do Campo. Até hoje os descendentes das famílias americanas são aí enterrados. É nesse local que se reúnem periodicamente os descendentes para cultos religiosos e festas ao redor da capela fundada no século passado.

Por ocasião do centenário da imigração norte-americana, foi organizado um museu em Santa Bárbara D’Oeste, o qual reúne grande número de objetos e documentos dos pioneiros da imigração.

O resgate da história dessas famílias e sua contribuição ao desenvolvimento das localidades de Americana e Santa Bárbara D’Oeste foi magistralmente relatado pela historiadora Judith Macknight Jones em sua obra: O soldado descansa; uma epopéia norte-americana sob os céus do Brasil”.

Imigração Italiana
Durante o século XIX, os estados italianos atravessavam uma fase difícil devido à luta pela unificação da Itália; sendo que a anexação de Veneza, que pertencia à Áustria, e os Estados da Igreja, trouxeram para essa unificação, grandes distúrbios políticos e miséria para o seu povo.

Além desses problemas, havia um excesso de população, fazendo crescer no povo italiano, o desejo de descobrir uma nova pátria, onde pudessem ter uma vida melhor e um enriquecimento mais rápido.

Começa então a imigração italiana para o Novo Mundo trazendo consigo suas técnicas, sua arte, seus usos e costumes (que hoje se encontram aculturados na vida brasileira), sua fé, sua fácil adaptabilidade climática e, principalmente, a facilidade de miscigenação com brasileiros e outras nacionalidades.

Para o Brasil a chegada desses imigrantes foi de grande valia, primeiro por causa da expansão do café, segundo pelos problemas com o comércio de escravos, devido à pressão dos ingleses que estavam se industrializando e necessitavam de mercados consumidores e o escravo não consumia, daí quererem sua libertação.

Era um momento difícil; a solução para os fazendeiros de café era a mão-de-obra remunerada, no caso, o imigrante.

Os primeiros tempos foram muito difíceis para os imigrantes, pois coabitavam nas senzalas com os escravos negros, sem a mínima condição de higiene e conforto. Chegaram já em débito com o fazendeiro, a quem tinham que pagar as despesas de viagem e também se submetendo ao “sistema de parceria” onde eram bastante explorados, ficando quase sempre devedores nos armazéns da fazenda, até que esse sistema foi mudado por um ordenado fixo e um determinado número de pés de café e mais uma comissão.

Superaram tudo pela sua valentia, tornando-se posteriormente os industriais, comerciantes e, seus descendentes, profissionais liberais sobrepujando todas as barreira e restrições a eles impostas.

Em 8 de outubro de 1887, chegou ao Brasil o Sr. Joaquim Boer, chefiando uma grande comitiva de imigrantes italianos, que passou a residir na Fazenda Salto Grande, de propriedade do Sr. Francisco de Campos Andrade.

Relação de Famílias representadas por Joaquim Boer

Luiz Delben, Luiz Cia, Antonio Luchesi, Luiz Santarosa, Marcos Campari, José Faé, João Meneghel, Roviglio Bertini, Miguel Bertolo, Olivio Piloto, Luis Sacilotto, Pedro Mantovani, José Grazzi, Antonio Ravagnani, Celeste Trovó, Antonio Trombin, Humberto Casagrande, Vergilio Marsson, José Francescato, Virgilio Duaneto, Luiz Nardo, João Scarazato, José Tonhela, Cesar Casati, Natal Minarello, Paolo Dell’Agnese, José Rozalem, Felicio Seleghini, Antonio Altarujo, Paulino Salvador e Angelo Provedel.

Estas famílias trabalharam durante doze anos para o Sr. Francisco de Campos Andrade e foram obrigadas a morar nas senzalas até que foram construídas as suas casas. Elas se dedicaram ao cultivo do café (produto de exportação), da cana-de-açúcar para a fabricação de aguardente, dos cereais necessários para a sua alimentação e do início da cultura do arroz que, até então, era importado do Japão; plantavam hortaliças, criavam aves para o próprio consumo.

Por falta de pagamento e alimentação, dada a condição precária das finanças do Sr. Francisco de Campos Andrade, as famílias foram para Santa Rita, São Carlos e outras localidades, retornando após pedido do próprio fazendeiro, com a promessa de saldar suas dívidas com os imigrantes e melhores condições de vida para todos.

Transcorrido mais de um ano após o retorno das mesmas, a situação agravou-se novamente devido à participação da família Campos Andrade na política, com a consequente perda de grande parte dos seus bens. Dada a honestidade de Francisco de Campos Andrade, nenhum imigrante ficou prejudicado nos seus ganhos, dando-lhes em pagamento um pedaço de terra de acordo com os créditos de cada um (1.899).

Assim, cada família começou a construir seu sítio, sendo essas as primeiras famílias a desbravarem as matas, dando início à lavoura, contribuindo assim para o progresso desta cidade de Americana.

Desde a chegada dos primeiros italianos e seus descendentes e de outros que aqui aportaram até os dias de hoje a sua atuação e participação na vida pública, econômica, política, social e religiosa se faz sentir em cada momento como presença constante em todas as atividades de nossa cidade.

O cultivo da terra, com sua produção, veio gerar riquezas em benefício de toda a coletividade, proporcionando uma diversificação nos diferentes setores da economia, como a indústria e o comércio.




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